sexta-feira, setembro 03, 2004

De manhã começa o dia

Venho todos os dias de barco para Lisboa. Deixo o carro perto da estação e em 15 minutos estou do outro lado do Tejo (benditos catamarãs). Como eu, fazem muitas pessoas, o que provoca uma certa escassez de lugares de estacionamento à volta da estação. Como não estou para pagar quase uma renda no parque, e também não sou muito virada para a alimentação de vícios alheios (malditos arrumadores), costumo deixar o belo do meu carro numa praceta, a 3 minutos a pé da estação (isto de manhã está tudo controlado ao segundo). Mais uma vez, como eu, muitos fazem, o que faz com que, também, não hajam muitos lugares disponíveis. O que eu tenho reparado nos últimos tempos, é que todos os dias eu fico com o último lugar que há na dita praceta. Mas o pior (não para mim, claro), é que há uma personagem que todos os santos dias, vem atrás de mim, no seu Renault Clio cinzento, e a vê-me a ficar com o último lugar. Quando vê o meu carro à frente dele nos sinais (é sempre nos sinais que ele fica para trás), já faz uma expressão involuntária de pânico. O subconsciente lá lhe deve dizer: "pronto, lá vou eu ter de deixar o carro no cu de Judas". Ele bem que tenta todos os atalhos possíveis e imaginários para me passar à frente...mas nada feito! Nos dias em que ele chega primeiro (desconfio que ele acorda mais cedo de propósito para chegar antes de mim), e quando pensa que o dia da vingança finalmente chegou...há sempre um lugar à minha espera! Começo a detectar uma pontinha de ódio no olhar dele e chego mesmo a pensar que ele já me rogou umas quantas pragas. Se algum dia o meu carrinho aparecer com as 4 rodas no chão e com a pintura (azul, pois claro!) riscada...não há dúvidas: foi a vingança da personagem do Renault Clio cinzento!
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